Em uma reviravolta surpreendente, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou neste domingo (14) que o país abrirá mão de seu objetivo de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), um movimento histórico que marca uma mudança estratégica após quase três anos de guerra devastadora. Em troca, Kiev buscará garantias de segurança de seus aliados ocidentais, sem a adesão formal à aliança militar.
Essa decisão vem após uma guerra que causou destruição massiva, milhares de mortos e deslocamentos forçados, com uma população que, em grande parte, acreditava que o ingresso na Otan seria a chave para proteger sua soberania contra a Rússia. Zelensky, agora, reconhece que essa meta geopolítica, que foi uma das principais justificativas para o conflito, não será mais perseguida no futuro imediato.
Embora a mudança de postura busque garantir a segurança da Ucrânia por outros meios, o alto custo humano da guerra agora se torna ainda mais doloroso, com muitas vidas perdidas em nome de um objetivo que, no fim, não será alcançado. Zelensky, ao sinalizar que a adesão à Otan está fora de cogitação, confronta a dura realidade de que as decisões de política externa podem ser mais fáceis de tomar na mesa de negociações do que no campo de batalha.
O recuo ucraniano também ocorre em um contexto de concessões territoriais em negociação, incluindo sugestões de ceder partes da região de Donetsk. No entanto, mesmo com essa nova flexibilidade, a Ucrânia afirma que não aceitará a perda definitiva de território, mas a simples menção desse tipo de discussão já reflete as concessões que o país terá de fazer para alcançar a paz.
A guerra, iniciada em 2022, foi em grande parte alimentada pela ideia de que a adesão à Otan seria vital para a proteção da Ucrânia, mas o custo de milhares de vidas e a destruição de cidades inteiras levanta uma questão difícil: terá sido esse o verdadeiro preço de uma política externa que agora foi abandonada?


