Jim Caviezel já interpretou Jesus Cristo em “A Paixão de Cristo”.
Já encarnou o vingativo Edmond Dantès em “O Conde de Monte Cristo”.
E agora, numa guinada que desperta fascínio, estranhamento e comentários silenciosos, o ator aparece transformado em Jair Bolsonaro na misteriosa cinebiografia internacional “Dark Horse”.
A primeira imagem do astro caracterizado como o ex-presidente — divulgada pelo portal Leo Dias — ganhou ainda mais repercussão neste sábado, quando Carlos Bolsonaro publicou uma foto ao lado do ator fantasiado, justamente no dia do aniversário de Jair Bolsonaro.
O simbolismo não passou despercebido. As redes rapidamente se dividiram entre elogios, espantos e comparações inevitáveis com a amplitude de “espíritos” que Caviezel já interpretou ao longo da carreira.
De condenado na vida real a protagonista no cinema
A cinebiografia chega em um momento delicado. Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado, ainda é um dos personagens mais controversos da história brasileira recente. Transformá-lo em protagonista de um drama épico é, no mínimo, uma escolha arriscada — e um prato cheio para debates culturais e políticos.
“Dark Horse”, inteiramente filmado em inglês, foi conduzido sob extremo sigilo. Caviezel passou cerca de três meses no Brasil para gravar suas cenas e já retornou ao exterior após concluir as filmagens.
Elenco internacional e roteiro com DNA político brasileiro
A produção reúne nomes de peso:
- Lynn Collins (“John Carter – Entre Dois Mundos”)
- Esai Morales (“Missão: Impossível – O Acerto Final”)
- Felipe Folgosi, como um policial federal
A direção é assinada por Cyrus Nowrasteh, conhecido por obras politicamente carregadas.
O roteiro, por sua vez, tem participação de Mário Frias, ex-Secretário Especial da Cultura de Bolsonaro — informação que, por si só, garante polêmica antes mesmo do trailer oficial.
Versões preliminares descrevem cenas de ação na Amazônia, confrontos com cartéis e participação indígena. O eixo central da narrativa, ao que tudo indica, será o atentado sofrido por Bolsonaro.
Caviezel e sua coleção de personagens simbólicos
Com uma carreira marcada por figuras emblemáticas, Caviezel se tornou especialista em interpretar personagens que evocam espiritualidade, moralidade e extremos da experiência humana.
Da figura considerada divina, ao herói injustiçado, ao líder político polarizador, o ator demonstra uma versatilidade rara — e que, inevitavelmente, abre espaço para leituras irônicas, ainda que jamais ditas em voz alta.
Há quem veja coerência artística nessa transição tão contrastante. Há quem veja sarcasmo do destino.
O cinema, afinal, sempre se alimentou desses encontros improváveis.
Um filme que nasce polêmico e Carlos Bolsonaro ajuda a incendiar ainda mais
Se “Dark Horse” já carregava polêmica por natureza, a foto publicada por Carlos Bolsonaro no aniversário do pai adicionou uma camada extra de teatralidade ao momento.
A imagem de um dos filhos do ex-presidente orgulhosamente posando ao lado do ator que o interpreta no cinema reforça a sensação de que a história real e a ficção estão cada vez mais entrelaçadas — e que essa cinebiografia não será recebida como apenas mais um filme.
Aguardando o próximo ato
Com elenco internacional, roteiro politizado, clima de sigilo e a exposição involuntária oferecida por sua própria família, “Dark Horse” estreia no imaginário popular antes mesmo de chegar aos cinemas.
E se depender da primeira foto — e da simbologia do dia escolhido para divulgá-la — a produção promete ser tão dramatizada quanto o personagem que tenta retratar.


