Lula defende atuação da PF e diz que investigará até o próprio filho em caso de fraude no INSS

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (18) que não haverá qualquer tipo de proteção política ou familiar nas investigações sobre o esquema de fraudes envolvendo aposentadorias e pensões do INSS. Em declaração a jornalistas no Palácio do Planalto, Lula disse que defende integralmente o trabalho da Polícia Federal, mesmo que as apurações eventualmente atinjam pessoas próximas, incluindo seus filhos.

A declaração ocorreu após questionamentos sobre o suposto envolvimento de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, em relações comerciais com Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pela PF como um dos principais operadores do esquema de desvios bilionários no órgão previdenciário.

“Ninguém ficará fora da investigação. Se tiver filho meu envolvido nisso, será investigado”, afirmou Lula, ao destacar que confia na Polícia Federal e que não fará qualquer tipo de interferência no andamento das apurações.

A fala ocorre no mesmo dia em que a PF deflagrou uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga descontos ilegais aplicados em benefícios de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. A operação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que também determinou a retirada do sigilo da decisão judicial.

Na decisão, o ministro aponta que a PF identificou cinco transferências de R$ 300 mil, totalizando R$ 1,5 milhão, feitas por uma empresa ligada ao Careca do INSS para outra empresa investigada. Em mensagens interceptadas, há referência a um repasse destinado ao “filho do rapaz”, sem identificação clara da pessoa mencionada.

Apesar das especulações, não há acusação formal contra Lulinha, e Lula ressaltou que qualquer ilação deve ser tratada com responsabilidade e dentro do devido processo legal. Segundo o presidente, o compromisso do governo é com a autonomia das instituições, especialmente da Polícia Federal, para apurar os fatos sem distinções.

A nova fase da operação também resultou na prisão de Romeu Carvalho Antunes, filho do Careca do INSS, e de Éric Fidélis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidélis. O então secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, teve prisão domiciliar decretada e foi exonerado do cargo.

As investigações apontam que o esquema funcionava por meio de descontos mensais não autorizados, aplicados como se aposentados tivessem se filiado a associações que, na prática, não prestavam os serviços prometidos. Os desvios podem chegar a R$ 6,3 bilhões, segundo a Polícia Federal.

O governo federal já anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente e prorrogou o prazo para contestação até 14 de fevereiro de 2026. Lula reforçou que o enfrentamento às fraudes no INSS é prioridade e que a PF terá liberdade total para investigar quem quer que esteja envolvido, independentemente de cargo, partido ou vínculo familiar.

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