Guarujá discute “regras” para flanelinhas enquanto cidades modernas investem em Zona Azul e tecnologia

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Enquanto cidades turísticas avançam em soluções modernas de mobilidade e estacionamento, como Zona Azul digital e fiscalização eletrônica, Guarujá caminha na contramão ao discutir a regulamentação da atividade dos chamados flanelinhas — uma prática vista por moradores e turistas como um incômodo constante e, em muitos casos, fonte de constrangimento e insegurança.

A proposta em debate na Câmara Municipal é de autoria do vereador Alexandre Alves Moreira (PDT) e prevê a regulamentação do trabalho dos guardadores de veículos na cidade. O projeto estabelece exigências como uso de crachá e colete, proíbe a sugestão de valores aos motoristas e veda a cobrança antecipada, além de impedir que flanelinhas obstruam ou “reservem” vagas em vias públicas.

Na prática, porém, a iniciativa é alvo de críticas por tentar organizar uma atividade informal que já gera desgaste recorrente, especialmente em áreas turísticas, praias e regiões de grande circulação. Para muitos moradores, o projeto não enfrenta o problema, apenas dá aparência de legalidade a uma prática que deveria ser superada com políticas públicas mais modernas.

Segundo o texto apresentado por Moreira, os flanelinhas só poderiam atuar se estivessem registrados em uma Superintendência Regional do Trabalho, com base em normas federais da década de 1970. Ainda assim, o projeto não define claramente qual órgão municipal será responsável pela fiscalização, deixando essa atribuição para uma futura regulamentação do Poder Executivo.

A proposta prevê aplicação de multas, suspensão ou cassação do registro em caso de descumprimento das regras. Já os flanelinhas não cadastrados poderiam responder por exercício irregular da profissão. Mesmo assim, críticos apontam que a medida tende a facilitar a permanência dos flanelinhas nas ruas, em vez de reduzir conflitos no uso do espaço público.

Em cidades consideradas referências em mobilidade urbana, a solução adotada tem sido outra: Zona Azul digital, aplicativos de estacionamento, rotatividade de vagas e fiscalização efetiva, eliminando cobranças informais e trazendo mais segurança tanto para moradores quanto para turistas.

Em Guarujá, o debate evidencia um atraso no enfrentamento do problema. Ao invés de investir em tecnologia, planejamento urbano e modernização, a cidade discute como padronizar uma prática que muitos visitantes consideram ultrapassada e intimidadora.

O projeto do vereador Alexandre Alves Moreira reacende um questionamento central: Guarujá quer avançar para um modelo de cidade turística moderna ou continuar tentando “organizar” problemas antigos, mantendo práticas que outras cidades já deixaram para trás.

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