Ex-ministros receberam denúncias sobre descontos associativos indevidos em 2019. Documentos mostram que autoridades tinham conhecimento das irregularidades
Ex-ministros de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e Sergio Moro, foram informados sobre descontos indevidos nas aposentadorias do INSS em 2019, segundo documentos obtidos pelo Metrópoles. As fraudes seguiam padrão similar à “Farra do INSS” revelada anos depois.
Um ofício de 1º de agosto de 2019 mostra que Moro foi comunicado pelo ex-diretor do Procon-SP, Fernando Capez, sobre descontos abusivos após o órgão registrar mais de 16 mil atendimentos relacionados às irregularidades. Capez apresentou lista com 10 associações suspeitas, incluindo ABAMSP, Asbapi e Centrape.
Paulo Guedes teve acesso às denúncias através de requerimento do deputado Fábio Schiochet de 25 de fevereiro de 2019, questionando descontos feitos sem anuência dos aposentados. A resposta, assinada por Guedes e Rogério Marinho, incluía dados sobre 18 entidades associadas.
O então presidente do INSS, Renato Vieira, se comprometeu em 2019 a “retirar do cadastro todas as associações fazendo descontos abusivos”, mas pediu demissão seis meses depois. Moro deixou o cargo em abril de 2020 após conflitos com Bolsonaro.
As revelações do Metrópoles sobre a Farra do INSS levaram à Operação Sem Desconto da PF e às demissões do presidente do INSS Alessandro Stefanutto e do ministro Carlos Lupi.


